sábado, 25 de dezembro de 2010

Cidade Natal





Sabem, acho que a minha família está amaldiçoada.
Há já alguns anos – os suficientes para poder começar a delinear padrões ou supor maldições – que a família não se consegue reunir toda para celebrar o Natal, dificuldade outrora julgada impensável. Onde dantes só cabíamos apertados em duas mesas estendidas por duas divisões da casa, agora basta apenas uma mesa e um igual número de divisões e já ninguém come apertado.
É uma pena…

Mesmo amaldiçoados, continuamos a passar esta época na minha cidade natal.
Passado pouco tempo da nossa chegada, apegou-se-me uma vontade enorme de ir dar uma volta. O mesmo passeio que os meus pais e os meus avós deram comigo há duas décadas atrás.
Sai de casa e deixei que os meus pés me guiassem por de baixo dum céu nublado.
Vantagem de se viver na parte velha da cidade: nunca fazem remodelações. O caminho estava igual, algumas lojas diferentes, mas o grosso das casas e dos estabelecimentos era o mesmo.



Ao chegar à alameda, sou cumprimentado (leia-se ignorado) por uma ninhada de gatos preguiçosos que tentavam apanhar as réstias de sol do final da tarde.
O jardim continua praticamente inalterado, para minha grande felicidade.



As gaiolas dos pássaros continuam no mesmo sítio e ainda habitadas (se bem que não vi o porquinho da índia que habitava uma delas, no meu tempo), nenhum dos enormes plátanos ou das gigantes palmeiras foram derrubados, os patos continuavam no seu lago e os pavões continuavam a passear livremente por todo o recinto.
A única modificação que logo dei conta foi a do pátio onde brincava. O recinto de areia foi substituído por borracha de pneu e os baloiços onde me baloiçava e o escorrega por onde escorregava substituídos. Tinha esperança de chegar lá e de ainda ver aquele enorme escorrega vermelho vivo… Mas até faz sentido a alteração, há vinte anos atrás, quando eu demorava imenso tempo a ir de casa ao jardim, quando era capaz de passar uma tarde toda a escorregar e a baloiçar, sabendo que era tudo o que precisava para ser feliz, nessa altura os baloiços já eram bem velhos e ferrugentos.

  
Alguém reconhece a fábula aqui representada?



























Ainda não completamente cheio, voltei para casa pelo caminho mais longe.
Na rua das lojas, procurei uma determinada loja. Se fosse de manhãzinha, ser-me-ia impossível não dar com ela, mas agora era o final da tarde…
Mal dei uns quantos passos na rua onde julgava ficar a tal loja, as minhas inquietações desapareceram e foram substituídas pelo aroma de croissants acabados de fazer. A loja ainda estava lá, era impossível não dar com ela.



Satisfeito, sai da rua principal e subi a grande avenida que me levaria a casa.


















Na cidade que me viu nascer, tenho sempre um abrigo da chuva. 


1 comentário:

  1. Oiii mocinho! *o*~
    Brigada pelo comentário no meu Blog! Também me identifiquei com esse seu cantinho! x) Irônico, não gosto muito do Natal... ainda quando criança ele me tinha toda aquela magia, mas hoje já me é bem diferente! Dá uma passadinha no meu Blog sempre que quiser um abrigo, que eu passarei por aqui também!
    Beeeijo! ^^~

    ResponderEliminar