sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Apenas mais um ano




Bem, estamos naquela altura do ano outra vez…
Em que toda a gente decide que a passagem de Dezembro para Janeiro – está, incrementa-se o ano actual com mais um algarismo – tem de ser um acontecimento memorável.
Por todo o lado, seja em conversas com amigos ou nos programas televisivos ou nos radiofónicos, pelas redes sociais e pelos blogs, toda a gente começa a fazer o balanço do ano listando as “coisas boas” e as “coisas más”.
Sabem, eu acho que ninguém entende bem estas “listas”. Apenas catalogam os eventos do ano e mal essa lista de super-mercado fica feita, o que fazem com ela? Nada. Metem-na numa gaveta qualquer e vão festejar o acontecimento referido acima, com música, bebida, amigos e fogo-de-artifício.

Então e a lista? É esquecida. Ao menos as listas de super-mercado ainda são úteis.
Esta é a minha primeira razão para não gostar dessas listas, segunda razão: é verdade que vamos entrar num novo ano, mas na prática vai ser só um dia diferente.
Termina o ano, mas todas as acções e decisões que tomamos não vão expirar. As escolhas que tomámos nos meses anteriores vão continuar connosco muitos mais meses ou até anos.
O meu coração foi-me roubado este ano. Quer dizer que depois de hoje vou deixar de acordar a meio da noite a sentir uma enorme solidão?
Lixei o meu joelho. Quer dizer que este ano já voltarei a poder correr?
Magoei uma amiga com algo que lhe disse. Ela vai deixar de estar magoada?
Enfim, acho que já perceberam onde quero chegar.

A passagem de ano é apenas um placebo. O ser humano precisa de acreditar na mudança, melhor, que é capaz de mudar. Por isso reúne todos os desinibidores (amigos, festas, álcool) escolhe uma data com significado mundial e assim já pode inaugurar a sua campanha de introspecção e prometer, a todos os que estiverem dispostos a ouvir, que no novo ano se irá transformar e tornar-se numa pessoa melhor. Urra. Urra. Urra!

Eu cá não gosto muito de festas. Passo o ano sozinho em casa porque foi assim que optei passar. Quando soarem as míticas doze badaladas, o mais certo é já estar a dormir ou então a ver algum filme no computador. Também não vou entrar em campanhas de introspecção porque já faço isso quanto baste.
Desejo, a todos os que lerem isto, o que quer que seja que queiram que eu vos deseje.






Imagens por: annetukinefeitos

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