quinta-feira, 31 de março de 2011

"A história que nunca foi contada"


Sabias, sabias? Pergunto-me se saberias?
Há muito, muito tempo atrás, havia um jovem que viajava pelo mundo inteiro. Por onde quer que passasse, crianças e adultos reuniam-se à sua volta para ouvir as magnificas histórias que só ele sabia contar e que tanto lhes faziam sonhar.
Com o passar dos anos, o contador de histórias permanecia tão jovem como os contos que contava, enquanto as crianças que as ouviram, cresceram até se tornarem adultos.
Mas nem tudo estava bem…

Enquanto crianças, os adultos de hoje tinham esperado e esperado, esperado para viverem os contos de encantar, as vidas de sonho que o contador de histórias lhes tinha prometido. Mas elas nunca chegaram.
Crianças sonhadoras eram agora adultos amargurados e desiludidos com o mundo.
Sabiam bem quem podiam culpar.

Capturaram o rapaz e as suas histórias e fecharam-no num quarto no cimo duma torre, que construíram com os pedaços que restavam dos seus sonhos desfeitos.
Lá bem nos céus, só os pássaros é que podiam ouvir as suas histórias.
Da sua prisão com as suas grandes janelas, o rapaz conseguia observar o mundo à sua volta e o que via partia-lhe o coração: ver a terra e as pessoas que lhe tinham feito sonhar tanto e criar tantas histórias perderem o brilho e a vida de outrora; onde dantes havia alegria e esperanças agora havia tristeza e vazio.

Sem nunca uma vez parar para descansar, consertou cada pedaço de sonho da torre onde estava retido, desde o primeiro degrau lá no chão até ao último lá em cima nas nuvens.
Pediu aos pássaros para os levarem e assim fizeram. Pedaço a pedaço a torre foi desaparecendo até só sobrar o quarto do rapaz a flutuar no céu.
Como uma chuva de estrelas, os pedaços de sonho beijaram a terra triste, secaram lágrimas e entraram em corações pesados. Pouco a pouco o mundo voltou a ter cor.

Com o passar dos anos, as pessoas em breve esqueceram-se de que houve uma altura em que não tiveram sonhos, assim como também se esqueceram do jovem contador de histórias, ainda na sua prisão.
Mas ele não se importava.
As suas histórias estavam novamente a ser contadas; mais tarde ou mais cedo, alguém contaria a história dum rapaz que estava preso numa torre, só com cimo, no céu.
Mais tarde ou mais cedo, alguém contaria a sua história e então ficaria livre.
Até lá, ficaria a sonhar.

Sabias, sabias? Pergunto-me se saberias?

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